sexta-feira, 5 de março de 2010

The Fragility of Death

Ao contrário do que muitos pensam, o tempo não passa mais rápido para aqueles como eu...E só porque não podemos ver a luz do dia, não quer dizer que as noites passem mais rápido.
Sem a fragilidade da morte, viver é uma experiência sem sentido, e talvez por isso aqueles meus últimos dias de consciência venham à memória com um misto de terror e adrenalina. Antes de morrer, me sentia viva. Ah sim, a ideia de morrer me atrai. Ou me atraiu naqueles segundos finais...Antes da minha memória falhar mais uma vez. Sabe, isso é realmente frustrante. Não lembrar.

Eu não devia ter lapsos de memória, não mesmo... Não sei se te contaram, mas nossa memória é a primeira coisa a se tornar perfeita depois da morte. Logo antes da visão e dos demais sentidos “humanos” se aguçarem. Antes mesmo de nossos sentidos de mortos... O distanciamento que a morte nos traz deve ser a razão de podermos memorizar detalhes...

E ainda assim, a minha memória falha. São ANOS de páginas arrancadas, sem um traço... como névoa no fim da manhã. Gone. Isso me irrita profundamente.

Se os meus não esquecem, por que não me lembro do que aconteceu comigo?

Os meus não sentem..

Há! Essa é nova.


Sim, a fome é o sentido mais aguçado, pois a vitae (mesmo plúmbea como a desse lugar) nos permite parecer humanos e fingir que respiramos, ou que nosso coração bate... Mas como tudo o mais, não deixamos de sentir... não se engane. Só mudamos a maneira.

Ah! maldita memória inútil! Como posso me lembrar tão claramente desses olhos, mas não seu rosto? Ou do que senti medo for that matter. Como posso lembrar cada livro lido e ter esquecido a voz que acompanha aquele olhar, ou por que mesmo ele significa algo para mim? Ou por que me assustam tanto?

Seria isso efeito do sangue viciado que me fascina? Como, se lembro cada artéria suculenta, cada gota de vitae sorvido, cada alucinação vivida?

_ Seu monstro! Quem disse que vives?


Oh não! Não de novo!...Vou perder a razão...

_ Há! Ela nunca foi sua...