sexta-feira, 16 de abril de 2010

Momentary Lapse of Reason

Estava perdida em devaneios quando eles chegaram. Assustados e irrequietos, ele à frente, ela, cautelosa, um pouco mais atrás, buscavam a minha presença ali.

Eu os via de cima, empoleirada e distante, mas senti aqueles dois pares de olhos jovens me queimando. Lembro pouco do que presenciei. Tinha meu discurso preparado, minutos antes, o recitei milhares de vezes naqueles momentos de espera. Mas eles chegaram tarde demais.

O que fazem essas duas criaturas da noite aqui? Você as chamou? Com que propósito? Elas nada podem fazer por você, e você nada pode fazer por elas. Essa noite clara demais é bem propícia para encontrarmos aquele que te faz estremecer. Quem é ele mesmo? Ah sim... os "Olhos Dourados". ha ha ha. Quero ver a lua salvá-la desta feita. Ele está aqui, eu sinto, você sente, você sabe. Por que eles continuam aqui?

Nos lapsos de sanidade, me vi rindo enlouquecida, rasgando impropérios à lua e àquele dos olhos dourados, ouvi alguns burburinhos vindos do rapaz - meu irmão... meu irmão? O brilho de reconhecimento em seus olhos, sua voz repetindo ao longe "Olhos, olhos, vermelhos, dourados, dourados!!", cada vez mais alto, cada vez mais o pânico assomando à sua face.

Ela me acha louca, a coitada. Se esforça para não ver o que está bem à sua frente. Corremos perigo. Corremos MUITO perigo, e ela insiste em conversar com esse jovem imberbe, recém nascido - ó ironia - nesse mundo de caos e trevas que vivemos há tempos. Finjo que não o ouço. Ele não me é importante. È! é importante! Ele sofre minha sina! Cale-se! Ele não é importante. Mas é dos nossos, e talvez possa me ser útil.

Aos poucos recobro a consciência... Ele estava no meio de uma sentença..

_ ...ele é?

Não posso dizer se a pergunta é quem ele é, ou como saberemos o que ele é, ou de onde ele é. As possibilidades são infinitas, e não tenho tempo. O brilho de reconhecimento e pânico em, seu olhar ainda era reconhecível, e me vi nos olhos da signorina. Um lampejo de pena passa por aquelas íris esverdeadas, e somem.

Mal vejo a lua com essas lanternas acesas o tempo todo. Cadê minha querida pea soup que tanto me acalentou em Londres? Enquanto suporto os choramingos dessa que divide o espelho comigo, procuro alimento, vitae, sangue, o que quer que essas pessoas singulares tomem esses dias. Sinto o tempo todo o equivalente ao frio na espinha humano e algo me chama para longe. Acho que tenho que ir...

Incapaz de responder qualquer coisa, exaurida pelo esforço de me manter sã, me vejo fitando a lua, semi-inerte. Os pequenos ainda falam comigo, mas suas vozes estão distantes, apagadas. Ouço minha voz responder algo, que soou como um aquiescimento, mas não tenho certeza. Sinto meu corpo carregado por dois pares de braços, não posso resistir

Eu durmo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sozinhos...?!

Deo acordou inquieto, ele me disse que sentia uma voz o chamando. Disse que não se sentia sozinho e que tinha uma irmã de sangue e que precisávamos voltar no lugar onde nos conhecemos.

Em um primeiro momento eu tinha ficado muito feliz de encontrar Deo e não ficar mais sozinha, mas agora, será que vamos encontrar mais algum de nós?

Como será essa pessoa?

Eu sinto uma pontada de medo, mas vou com ele. Sinto uma necessidade de protegê-lo e sei que ele seria facilmente enganado por outro vampiro mais experiente.

Mentira.

Eu estou com ciúmes.

Eu nunca tive um “irmão”. Não sei o que é isso e como pode ser isso entre os amaldiçoados como nós.

E chegando lá o meu sentimento apenas piorou muito. Era uma mulher. Linda! Se eles tem um laço maior que o meu com ele, vou logo ficar sozinha novamente. Estou com medo.

Não me aproximo logo de primeiro momento, quero que eles conversem. Estou me sentindo acuada.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Hiato...

Às vezes sinto que dormi por dias e após acordar parece que estou em outro mundo. Vivo no escuro, entre as luzes dos carros e dos postes que mal funcionam neste cidade, e minha luz no fim do túnel tem sido uma garota chamada Carol, uma vampira mais experiente... quer dizer, acho que qualquer outro, caso exista, deve ser mais experiente do que eu.

Em certos momentos custo a acreditar que isto aconteceu, porém a sede me mostra que não vivo em um sonho. Não sei se é bom ou ruim, mas estou começando a gostar de saciá-la, meu corpo fica mais forte, me sinto melhor, meus sentidos ficam mais aguçados.... incrível. A maneira como vejo, escuto e cheiro o mundo mudou, sinto aromas antes indetectáveis pelas narinas humanas, aromas que agora só interessam a mim e a minha nova amiga, e se houver mais alguém... PORRA!!! Claro que sim, claro que existe mais alguém!!!

Somos irmãos! Lembro dessa frase naquele primeiro dia, uma imagem, uma mulher antiga, roupas antigas, não entendo, loucura, argh!! Um embrulho no estomago, imagens distorcidas, sons, musicas, bandas, arvores..., não, não são arvores, é apenas uma ARVORE e eu sei aonde ela fica.

Victoria, lembro desse nome, preciso acordar a Carol, preciso de ajuda, preciso ajudar, a mulher antiga aparece em minha mente, uma mulher nova, roupas antigas...

Carol!!, precisamos sair.