terça-feira, 28 de julho de 2009

A glimpse at the sea...

Começa um novo "show" e não suporto mais os ruídos desses instrumentos estranhos. A irritação se sobrepôs à curiosidade, portanto deixarei estas pobres crianças da noite a sós.

Sigo pela orla, apesar de um pouco receosa - a luz é muito próxima à do dia - e encontro uma espécie de pier, uma ponte em direção ao mar. Esse canto é escuro, e me sinto um tanto aliviada quando ali me sento, abraçando os joelhos, qual menina pequena.

Fecho os olhos e escuto o mar, um barulho tranquilizador depois da balbúrdia da turba ensandecida que povoa aquele pub... Sinto a lua ainda alta, sinal que a noite ainda está longe de terminar, e ainda sinto o gosto um tanto plúmbeo do sangue daquele marginal...


Passado algum tempo, que me pareceu uma eternidade, ouço passos e risadas meio bêbados atrás de mim...A morte de dotou de excelentes ouvidos. Ao prestar atenção ao que se passava, reconheci duas vozes.... Minhas duas crianças da noite...aqui...Oh dear!

O que será que vão aprontar???


Victoria

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Uma conversa e um sussurro...

A noite ficou mais interessante com aquela conversa. No início não gostei, mas estranhamente comecei a me envolver com tudo o que ela dizia e perguntava, tinha algo diferente no seu jeito, no seu olhar, sua maneira de falar...Parecia o tempo todo estar tentando tirar algo de mim, algum tipo de confissão, mas fazia isso de um jeito só dela.

Por alguns instantes pensei em contar tudo o que estava acontecendo comigo, mas temi que com isso ela fosse embora, afinal de contas quem acreditaria em mim?, não queria vê-la partir, mas como falar que você virou um... um....deixa pra lá, seria impossível contar qualquer coisa, vou ficar calado com meus pensamentos e essa estranha sensação de estar sendo observado, parece que alguém respira em meu pescoço e sussura em meus ouvidos.

Naquele momento o que eu mais queria era sua presença, ela me trazia segurança, uma estranha segurança, não me senti apavorado perto dela, alguma coisa tinha de bom naquilo tudo, o que era eu não sabia, sinceramente não esperava que mais nada de bom acontecesse comigo por muito tempo, por isso não vou deixa escapar mais essa, tentarei me desconectar de tudo e apenas ouvir o que essa adorável estranha gostosa tem a me dizer, hmmm meus pensamentos macabros ficam imaginando como deve ser esse lindo pescoço...Putz, que merda eu pensei agora.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O que eu vi...

O tempo todo que fiquei dançando no show não foi o suficiente para trazer o rapaz à Terra. Definitivamente ele é um neófito, eu noto quando ele tenta respirar. Ele está saindo, eu o sigo. Espero o momento certo.
Agora me aproximo com meu melhor sorriso.
Olho bem nos olhos dele, me abaixo (mesmo de saia) e começo uma conversa.
Eu tenho a prova de que ele é sim um neófito! Ele ainda sente falta do SOL! Mas como é interessante... Hora de tomar uma atitude.
Aí que as coisas vão mal, ele se assusta quando tento falar do abraço. Vejo na aura dele uma coloração de medo e entendo finalmente. Ele tinha sido abandonado! Terá sorte de saber o que é essa sede que o consome. Eu não sabia que existiam mestres tão cruéis a ponto de fazer uma coisa dessa.
Então um sentimento estranho invadiu o meu corpo. Pela primeira vez em muitos anos me esqueci de minhas próprias ambições e problemas e olhei fundo nos olhos do garoto.
Sabia que precisava ir mais devagar e falar as coisas com calma. Sim, eu sabia, e usarei meus poderes para acalmá-lo, assim fica mais fácil.
Tento partir pra outros assuntos então, conversas pequenas de seres humanos. Pronto, parece funcionar, ele está mais calmo.
Por alguns instantes eu não sei o que fazer, nem tenho uma piadinha, nem tirada sarcástica. Sei que ele precisa ser ensinado, ou não vai conseguir se virar sozinho. Mas como falar com ele sem o assustar? Essa conversa pode se estender até quando?
Enquanto falamos eu olho em volta. Um pouco por medo de ter alguém olhando, e um pouco por sentir uma presença nos seguindo. Dentro do bar tinha muita gente, agora, com os sentidos aguçados eu consigo saber que tem alguém por perto, mas não consigo ver quem...