sexta-feira, 5 de junho de 2009

Relatos de um Vampiro Juvenil

02/06/2009

A partir de hoje vou tentar escrever, pra nunca mais ter que lembrar.

Já se passam mais de 24 horas depois que tudo aconteceu, ainda não sei ao certo o que me aconteceu, na verdade acho que sei, mas quem iria acreditar quando eu mesmo não acredito... não aceito.

Queria entender como é que acontece, sempre gostei das histórias, mas eram estórias como dizem por aí, com E e não com H, mas estórias não existem, nem a palavra com essa letra E, sinto o corpo frio, gostaria de um abraço, mas até o que sinto parece diferente; meu pai já está dormindo, ouço pelo ronco, vou aproveitar e ir pra varanda, fumar um cigarro, olhar o céu e as estrelas, o azul escuro da noite é muito bonito, pelo menos isso ficou melhor, curtir e aproveitar a noite... mas apenas ela a partir de agora. Paro na sacada, as redes de proteção não me deixam olhar pra baixo direito, então olho pra cima, e vejo aquele maldito morcego de novo, maior do que o normal, consigo enxergar aqueles malditos olhos vermelhos, ou serão dourados?, morcego com olho dourado? devo estar ficando louco mesmo, acendo outro cigarro e um incenso, até meu pai chegar caso ele acorde já apaguei o beck, abro uma latinha, bem gelada!, como isso me faz feliz, hoje estou sentindo uma sede fora do comum, será que tem alguma coisa haver?, fico pensando enquanto vejo a lata suar, o tempo está quente, dou outro gole pra evitar que fique ruim de beber, vejo o terraço do prédio azul que fica a esquerda do meu que é vermelho, vermelho... que nem sangue, outro gole e mais um trago, olho para o meu sofá-cama, pequeno e velho, dói as costas, mas hoje acordei melhor, sem dor, penso em ir deitar, mas não tenho certeza, vou beber o último gole que resta e tentar dormir, pelo menos penso nisso, na verdade nem sei ao certo o que penso, acaba a cerveja e fico escrevendo, palavras sem destino, sem uma razão aparente, paro e vou escovar os dentes, volto para varanda miro as estrelas, vejo a cidade, o horizonte cheio de luzes a minha frente, penso de novo em ir dormir, só que aquele morcego voando me tira o sono, me deixa inquieto, na verdade me sinto tão só, descobrir um mundo novo sozinho é ruim, muito ruim, não sei o que me espera, não sei se vou viver por muito tempo... viver, será que é vida? que há vida? ouvi dizer que somos seres... que SÃO seres sem alma, eu tenho alma, ainda a sinto aqui dentro, mas meu coração parece parado, como pode um ser sem alma ter tristeza? não quero ficar sem alma, queria alguém pra poder contar tudo, vai ser estranho não sair durante o dia, meu azul claro do céu, sinto tua falta desde já, amigos... ainda os tenho? como vou fazer agora?... melhor fechar a janela por causa desse maldito morcego, tentar dormir, cuidar dessa ferida no pescoço e evitar minha vizinha que sempre aparece com algum corte pedindo curativo, pretexto dela eu acho, mas agora acho melhor manter distância, tomei uma lata toda e ainda sinto sede.

Putz, amanhã tem sombra sonora no Rio Vermelho, tomara que tenha algum broder conhecido por lá, não tô afim de pagar.

Um comentário:

andre' disse...

Eita dúvida... Bem que eu tinha gostado logo de cara do Deo... Muito interessante a forma de ele encarar sua nova condição...