sexta-feira, 5 de junho de 2009

Victoria is me name

16/06/1785 – Santos

Aqui estou... a caminho do velho mundo. As últimas palavras que ouvi do meu pai foram “Tu não pertences mais a esta família”, entre outras imprecações e o choro alto de minha mãe. Juntei as jóias que usaria no casamento, comprei uma passagem na segunda classe de um navio menor. Tenho 17 anos e acabo de nascer de novo. Não pertenço mais a esse mundo. Ele disse que me acompanharia....Será que ele vem?

13/07/1789 – Paris..

É estranho morrer...A sensação de vazio e frio que se espalha pelas veias, enquanto seu sangue é substituído por algo que ainda não entendo muito bem. Sei que a sede é grande, e nunca antes tive os sentidos tão aguçados. Lá fora, burgueses preparam uma revolução. Aqui dentro começo a deixar de sentir...Não existe mais frio, calor ou doença...nem amor. Me enganei completamente...

15/09/1899 – Londres

Acho que consegui escapar... pelo menos não sinto mais seu cheiro, ou recebo suas mensagens em minha mente...Há dias não me alimento...não sei quanto vou agüentar...Acabo de entrar numa estalagem fétida e escura, e todos me olham de viés, com medo. Tenho que me lembrar de piscar, merde!. Insubordinada, foi essa a palavra...insubordinada.... tenho que fugir

22/11/1899 – Londres

Ele me achou! Posso sentir seus olhos dourados a me buscar nesta cidade... Em Whitechapel vi do que ele é capaz... e estou muito fraca... preciso me esconder... não vou agüentar muito mais....Perdi minha energia tentando parecer mais humana... e ele me encontrou...acho que não conseguirei fugir desta vez...Minha lucidez está fugindo de mim...

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Data desconhecida

Levantei-me há pouco, numa espécie de celeiro ou barraco abandonado, sombrio e empoeirado... A lua passa por entre as frestas na madeira, à exceção do lugar onde me jogaram, cuidadosamente revestido por uma espécie de cobertor de um material que desconheço. Este lugar não se parece em nada com a Londres na qual dormi...

Ainda meio tonta (parece que dormi por décadas) vou até uma das frestas e olho para o exterior...Vejo uma faixa de um cartaz, cores brilhantes inauditas, sugerindo que eu beba um certo líquido...e....está em PORTUGUÊS!!! Ou alguma língua que lembra muito o meu idioma materno... Um pouco mais à frente, um negro com uma garrafa na mão canta músicas de escravos... Estou de volta ao Brasil... exceto que... que.... esse negro está muito bem vestido e feliz para ser um escravo liberto.

Em...em que século estamos? Quanto tempo dormi? Como voltei ao Brasil?...

Será minha demência voltando? Não consigo lembrar nada desde aquela estalagem....Ei! espere!....Aquela mulher...está usando calças?

Whatever...Preciso me alimentar, preciso sair enquanto a lua ainda está ali.....Esses dois devem servir...adoro sangue alcoolizado...

Será que ainda existem aquelas casas de ópio? Hmmmm sangue tóxico... tão inebriante... Mas estou divagando... vamos Victoria (ah! This is me name), o tempo urge...

Um comentário:

andre' disse...

Realmente, acho que a Victoria é meu personagem favorito... rs... Muito show essa história de ela ter perdido a noção do tempo e acordar na atualidade... Tá ficando muito bom!